O Instituto de Engenharia Biomédica da UFSC, Centro Colaborador OPAS/OMS em Gestão de Tecnologia em Saúde, está desde janeiro de 2021 implementando em suas atividades o Programa de Estágio Interdisciplinar composto por estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de Engenharias, medicina e odontologia. Os trabalhos estão sendo executados em equipes interdisciplinares para incentivar o ecossistema inovador e integrativo entre áreas do conhecimento, sendo supervisionadas pela equipe do CEGED-TMH (Centro de Gestão e Desenvolvimento de Tecnologias Médico-Hospitalares).
O IEB-UFSC tem uma importante responsabilidade de aportar na disseminação de conhecimentos de qualidade e confiáveis com relação às tecnologias em saúde, atuando como um grande Instituto de referência na área. O IEB-UFSC possui uma metodologia centrada na atuação de uma Gestão de Tecnologias em Saúde integrativa entre as áreas do conhecimento a fim de melhorar continuamente o contexto de saúde, portanto, o desenvolvimento de trabalhos em conjunto com diversas áreas se torna fundamental.
Os estagiários durante este período desenvolveram análises quanto aos problemas enfrentados na utilização de algumas tecnologias em saúde utilizadas tanto nos contexto da atenção hospitalar, quanto também na primária e domiciliar, almejando ampliar a visão de uma Engenharia Clínica mais abrangente para além do gerenciamento de tecnologias em saúde somente em hospitais. As tecnologias trabalhadas foram: oxímetro de pulso, termômetro clínico, autoclave, cadeira odontológica, ventilador pulmonar e bomba de infusão.
Muitos problemas na utilização destas tecnologias foram abordadas, sendo apresentadas tanto dificuldades do corpo clínico quanto também da parte técnica do equipamento. A partir do mapeamento dos principais problemas associados, estratégias de ações para solucionar estes problemas foram propostas.
Para a tecnologia oxímetro de pulso e termômetro clínico, ambas tecnologias que estão sendo amplamente utilizadas no contexto atual da pandemia da COVID-19, importantes discussões foram realizadas. Para o oxímetro alguns dos problemas identificados foram: uso do equipamento em local de baixa perfusão ou extremidades frias, uso da tecnologia em dedos com esmalte, interferência da luz ambiente, movimento excessivo do dedo, entre outras. Já para o termômetro, alguns dos principais fatores de utilização inadequada foram: distância incorreta para a medição, falta de estipular um tempo de medição entre as medidas; local de medição incorreto, entre outros. Estas principais considerações foram essenciais para apresentar soluções orientativas para diminuir a ocorrência desses problemas.
Também foram investigados os problemas com autoclave e cadeira odontológica, identificando que falta de treinamentos adequados implicam na ocorrência de falhas. Também foram analisados os problemas em bombas de infusão e ventilador pulmonar, que também estão sendo muito utilizados no contexto da COVID-19, sendo eles: inserção incorreta de parâmetros de parâmetros, dificuldade no manejo de acessórios e partes que são essenciais para o uso das tecnologias, entre outras questões.
Ao analisar os problemas enfrentados na utilização inadequada das tecnologias observa-se a necessidade de interagir ainda mais com o corpo clínico para compreender as dificuldades na utilização das tecnologias e assim auxiliar no uso adequado. Para isso, o Programa de Estágio Interdisciplinar vem trabalhando em conjunto, tanto com a área da saúde quanto técnica, a fim de desenvolver materiais orientativos centrados nas necessidades que os usuários das tecnologias possuem, para que o uso dos equipamentos se torne mais seguro e com qualidade.
